04 – Heroína , por Gabriel Menezes

Sintetizadores…há muitos anos presentes em rádios e canções populares. E, falando a verdade (ou quase), é uma estética primeiramente erudita, especialmente com o trabalho pioneiro de franceses na chamada música concreta (Pierre Schaeffer sendo o nome principal) e posteriormente de alemães na Elektronische Musik (como Stockhausen).

Essa música não pretende ser mais um exemplo de música eletrônica. Mas possui grandes influências em diversas ocasiões, em especial dos geniais György Ligeti e Henri Pousseur. Nessa pequena obra, a tonalidade explícita corre em paralelo com diversas instâncias atonais de música eletroacústica, como é fácil de perceber durante a Introdução e em sua Coda. Sintetizadores se fazem presentes o tempo inteiro. A letra segue a etimologia do verbo “sintetizar” que, do grego, significa “colocar coisas em conjunto para formar algo mais complexo”, “resumir”: conta-se uma estória de uma menina perdida em heroína que visa abreviar todo seu sofrimento no assassinato de seus próprios pais. A “síntese” de todo seu pesar encontra-se na libertação do “amor enganado” (e posterior arrependimento) daqueles que sempre estiveram ao seu lado, expresso musicalmente em sons plásticos, sintetizados, sintetizadores.