2009 – 03 – Filosofia de botequim sobre arte abstrata, por guga_bruno

Pelo menos pra mim , foi um tema bem difícil , porque não me disse nada . Os recursos que costumo usar pra escrever não foram “ligados” , não teve emoção , nem humor , absolutamente nada . Inicialmente pensei em brincar com as palavras , alguma coisa meio concretista , que caiu no decorrer do processo . Então tentei outro caminho : descrever o que vi . Vi um quadro onde o azul dominava , mas havia outras cores . Achei que poderia ser um bom começo . Da repetição disso saiu a melodia .

A partir daí , as imagens foram surgindo mais facilmente . Se o quadro não era totalmente azul , pensei em outras coisas azuis que sofriam interferências ( o mar , o céu ) . Depois pensei na finitude das coisas ( talvez influenciado sutilmente pela “cura de schopenhauer” , que acabei de ler hoje ) tanto boas quanto ruins . Ainda pra reforçar a repetição , usei quatro vozes e a bateria eletrônica . O resultado ? Filosofia de botequim sobre arte abstrata !

filosofia de botequim sobre arte abstrata

nem todo azul é azul inteiramente
nem todo azul é azul inteiramente

mesmo quando a terra é azul , é só de longe
mesmo quando o mar é azul , é transparente
mesmo quando o céu é azul , existe nuvem
mesmo quando o quadro é azul , existem cores

nem todo azul é azul eternamente
nem todo azul é azul eternamente

mesmo quando o sonho é azul , existe sangue
( nem todo sonho é azul é eternamente )
mesmo quando o sangue é azul , existe o medo
( nem todo sangue é azul é eternamente )
mesmo quando o medo é azul , existe a vida
( nem todo medo é azul é eternamente )
mesmo quando a vida é azul , existem cores
( nem toda vida é azul é eternamente )

nem toda dor é assim , eternamente
nem toda dor é assim , eternamente
mas nem toda vida é azul , eternamente
nem toda vida é azul , eternamente

se sempre existe a chance de desbotar
se sempre existe a chance

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