2013 – 01 – Fogo primordial , por Gabriel Menezes

Big Bang: começo de tudo…ou não?

Big Bang, a grande explosão; ou o “átomo primordial”, conforme batizou Georges Lemaître, o “pai” desse modelo cosmológico dos estágios iniciais do universo, amplamente aceito pela comunidade científica. Segundo o modelo, o universo teve seu início com uma grande explosão, seguido de um estágio de rápida expansão chamado de inflação.

Durante todo esse tempo de expansão inicial, o universo encontrou-se em um estado extremamente quente e denso. Na medida em que se expandiu cada vez mais, o universo começou a se esfriar o suficiente para permitir que a energia pudesse ser convertida em várias partículas subatômicas. Nuvens gigantes desses elementos primordiais mais tarde se unem por meio da gravidade para formar estrelas e galáxias, os elementos mais complexos sendo sintetizados dentro de estrelas ou durante supernovas.

O que esta pequena obra musical tenta retratar é justamente esse início “caótico” e super dinâmico do universo, conforme descrito pela teoria do Big Bang. A expansão aqui é revelada pelas inúmeras explorações de diversos campos harmônicos presentes ao longo da música. A dinâmica aqui tem papel fundamental: logo antes de ser atingido o ponto culminante na melodia do piano, o ouvinte experiencia um “crescendo” exponencial, inflacionário, seguido de rápido “diminuendo” e certa “estabilização dinâmica” (ou, melhor dizendo, crescimento gradual de volume), exatamente como os períodos inflacionário e pós-inflacionário mencionados acima. A reexposição (e variação) de um mesmo material melódico remete à perpétua repetição de criação de partículas subatômicas nos primeiros estágios do universo. A presença de várias cadências de engano (assim como de vários cromatismos e harmonias dissonantes) assim como de constantes modulações proporcionam uma sensação de tensão, de um movimento sem cessar. É como se faltasse o “repouso” ou “resolução”. A música não se resolve nunca, assim como o próprio universo, que se expande aceleradamente e não nos permite avistar seu fim, seu descanso, seu ponto final.

Big Bang….átomo primordial…fogo primordial!

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