2009 – 10 – Rock da razão, por Marcello Cals

nunca uma musica feita por mim em tao pouco tempo (um par de horas apenas) envolveu tantas coisas. vou destacar quatro pontos fundamentais para a criacao dela, e azar o de quem nao gostar de ler textos grandes. 1) a imagem me chamou atenção especial por ser uma estatua de um sujeito que, entendo eu, estaria andando. o movimento de alguem andando é muito nitido, ao mesmo tempo uma estatua pressupoe justo o contrário. comecei a divagar sobre as coisas que a parecem absurdas ou obvias mas que acontecem.

2) a titulo de teste, estava a fim de fazer um rock, bem basicão mesmo. 3) estou afastado do projeto porque uma serie de coincidencias infelizes com meus dispositivos de gravacao aconteceram, e, como eu nao estava muito a fim de gravar em mp3 player, me enrolei e nao entreguei a tempo. detalhe, as compus, mas nao gravei. em papo com o guga, ele insistiu que a qualidade pouco importava. eu tenho meus poréns quanto a isso, acho que os instrumentos usados e algo do arranjo sao fundamentais para exprimir uma ideia musical, entao quando nao se tem uma ideia que é mais do que uma melodia a capella cantada e nao se consegue registrar mais que isso, se perde. mas tambem entendo o lado de nosso curador virtual. tinhamos ambos razao. 4) queria variar e nao fazer uma musica no estilo “estorinha”, que eu tanto gosto. preferi algo mais amplo, abusando dos duplos sentidos.
ao sentar pela primeira vez para realmente tentar compor o 10o tema, meu insano cerebro costurou todas as figuras da seguinte forma: a estatua me pareceu ser de algum material pedregoso. e pedra, veja voce, é rock em ingles. sempre acreditei que o que o rock tem de mais notavel nao é um vocal gritando palavroes, barulho ou guitarras distorcidas. o rock é um estilo de comunicacao, em que se busca uma certa critica a algo, ou uma inovacao, um remelexo em alguma coisa. não é apenas para curtir, não é apenas para complicar, é algo que meio que rima com buscar caminhos diferentes. um rock sobre uma estatua de pedra que queria caminhar era todo o paradoxo que eu precisava. e, como novamente so poderia gravar toscamente (de qualquer jeito e cantando baixo, porque foi de noitão), usei a propria desculpa do estilo: “vou gravar tosco mesmo, e sem culpa. as vezes a propria estetica do rock é a propria movimentacao de ideias em detrimento do som em si”. ou assim inventei eu.

Rock da Razão

não venha aqui me dizer que eu não tenho razão,
e nem venha aqui me dizer que o real não é ilusão:
se a coisa não precisa acontecer como possa parecer,
quero perder a direção.

frango não pode voar.
casal de um só? dá pra ser.
estátua pode andar.
e eu não consigo compreender porque você insiste que eu não tenho razão.
o mundo é como é, nem sempre são como são.

já vi pato se afogar e filho de pombo nascer.
pra que que eu vou devagar no corredor se eu posso correr?
por isso que eu insisto que eu tenho razão:
se o troço é feito de rock, faz a movimentação.

não venha aqui me dizer.
não venha aqui me dizer que eu não tenho razão.
nem vem aqui me dizer que eu não tenho razão.
não venha aqui me dizer, não venha aqui me dizer.
não venha aqui, não venho aqui, não vem aqui, não venho aqui.
não vem.

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