2009 – 11 – BPM, por Marcello Cals

Quando eu entrei no judô demorei quase 1 ano para sair da faixa branca. E, quando virei amarela, tinha certeza que era um ótimo faixa branca. Antes de ser novamente promovido, precisei parar por um tempo. Voltei defasado, e fiz questão de trajar novamente a faixa branca.

Meu professor perguntou porque eu vinha de branca se eu era amarela. Respondi que eu já havia sido amarela, mas que na ocasião eu era branca e deveria merecer ser amarela novamente.

Eu acho que as pessoas vivem rápido demais, colecionam títulos por minuto, todos muito insipientes, como forma de pseudo-autovalorização. Enquanto meu sonho era ter mais tempo para fazer tudo o que gostaria de fazer, me parece que muitos forçam a barra para colocar todas as coisas que desejam no tempo que têm, e o mais rápido possível. Se você demora 1 dia para ler um livro, você com certeza precisa de mais de 1 dia para realmente tê-lo entendido.

BPM é uma sigla que diz respeito essencialmente ao andamento da música, à velocidade do pulso. E um pulso mais lento não é um pulso pior, é apenas um pulso mais lento.

BPM

Leu tudo, e um pouco mais.
No exame de direção.
Partiu, se sentiu seguro: o papel falou, tem que acreditar.
E a multidão parou quando a colisão veio e fez parar.
Saiu do carro sem duvidar que de nada valia a habilitação.

Entra, no alemão, francês, espanhol, russo e…
por quê não botar neste molho um inglês?
Vamos decorar na conversação!
E em mais um mês recebe o diploma e convence a si próprio então
que é poliglota, mas não tem vez que não corra pro Google na tradução.

Mestre, aos vinte e dois.
E mais dois, doutorado e logo depois formado em PhD.
Eu não sei por quê tanta pressa assim.
Eu vou viver no tempo em que der pra entender como foi que eu vim.
E eu venho andando.
Pra quê correr num caminho que eu já sei que não chega ao fim?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.